domingo, 20 de dezembro de 2009

Santorini

Olá!

Este poema é parte integrante dos meus escritos de 2009. Trata-se de um momento de inspiração cujo cenário é a indescritível beleza da ilha de Santorini - uma das minhas paixões, desde a infância.


Santorini

Foi como num sonho.
Nossos corpos encontraram - se em meio à ventania
E o mar, bálsamo dos poetas
Molhou nossos pés nus.
As casinhas brancas ao longe pareciam observar cada palavra, cada movimento
As mãos entrelaçadas como tecido a envolver a pele
E as pernas, pequenas e suntuosas reféns
Do desejo guardado nas teias do passado
Tatuaram intensas sensações.
O vento tornou - se pungente, a descompassar os sentidos
E levou - nos ao ápice dos sentimentos
Gritos e sussurros partituraram a canção
Que há muito queríamos ouvir.
Desenhos na fria areia mais pareciam telas saídas d'alma
Impressas por cada ato, por cada dedo.
Palavras tornaram - se inúteis
Para traduzir cada gesto, cada olhar.
O relógio soa encantado
Como um menino que deixa - se levar pelo primeiro encontro
Olho para a janela e sinto o ar helênico
Tocar meus cabelos suavemente.
Vejo que não sonhei, pois os alvos lençóis denunciam
Que ali estão dois amantes
Seres unidos pelas composições do tempo
A enamorar - se sem pudor, sem limites.

Letícia Häangler-Bohr

Para não esquecer do meu "Eu" romântico...

... Ainda bem que ele é 3a geração pura! Castro Alves über alles!


O gondoleiro do amor


Barcarola


Dama negra


Teus olhos são negros, negros,
Como as noites sem luar...
São ardentes, são profundos,
Como o negrume do mar;


Sobre o barco dos amores,
Da vida boiando à flor,
Douram teus olhos a fronte
Do Gondoleiro do amor.


Tua voz é a cavatina
Dos palácios de Sorrento,
Quando a praia beija a vaga,
Quando a vaga beija o vento;


E como em noites de Itália,
Ama um canto o pecador,
Bebe a harmonia em teus cantos
O Gondoleiro do amor.


Teu sorriso é uma aurora,
Que o horizonte enrubesceu,
— Rosa aberta com biquinho
Das aves rubras do céu.


Nas tempestades da vida
Das rajadas no furor,
Foi-se a noite, tem auroras
O Gondoleiro do amor.


Teu seio é vaga dourada
Ao tíbio clarão da lua,
Que, ao murmúrio das volúpias,
Arqueja, palpita nua;


Como é doce, em pensamento,
Do teu colo no langor
Vogar, naufragar, perder-se
O Gondoleiro do amor!? ...


Teu amor na treva é — um astro,
No silêncio uma canção,
É brisa — nas calmarias,
É abrigo — no tufão;


Por isso eu te amo, querida,
Quer no prazer, quer na dor,...
Rosa! Canto! Sombra! Estrela!
Do Gondoleiro do amor.

Castro Alves

Espera-me...



... À margem da loucura, num passo errante, num dia de chuva, calor constante.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

I'm Back! =D

Olá!

Depois de um tempo considerável sem postar no blog, retorno ao ofício trazendo mais uma crônica do velho Rubem (Rubem Braga). Quando a melancholia (obrigada, Lê!) bate, somente um texto como os do grande capixaba são capazes de trazer uma sensação agradável, semelhante à inconfundível brisa da amada Copacabana de Rubem. Seu nome é Aula de Inglês, crônica integrante daquela coleção que deixou saudades (Para Gostar de Ler, lembra?). Bem, espero que ela (a crônica) traga essa sensação a você também.


Aula de Inglês

— Is this an elephant?

Minha tendência imediata foi responder que não; mas a gente não deve se deixar levar pelo primeiro impulso. Um rápido olhar que lancei à professora bastou para ver que ela falava com seriedade, e tinha o ar de quem propõe um grave problema. Em vista disso, examinei com a maior atenção o objeto que ela me apresentava.

Não tinha nenhuma tromba visível, de onde uma pessoa leviana poderia concluir às pressas que não se tratava de um elefante. Mas se tirarmos a tromba a um elefante, nem por isso deixa ele de ser um elefante; mesmo que morra em conseqüência da brutal operação, continua a ser um elefante; continua, pois um elefante morto é, em princípio, tão elefante como qualquer outro. Refletindo nisso, lembrei-me de averiguar se aquilo tinha quatro patas, quatro grossas patas, como costumam ter os elefantes. Não tinha. Tampouco consegui descobrir o pequeno rabo que caracteriza o grande animal e que, às vezes, como já notei em um circo, ele costuma abanar com uma graça infantil.

Terminadas as minhas observações, voltei-me para a professora e disse convincentemente:

— No, it’s not!

Ela soltou um pequeno suspiro, satisfeita: a demora de minha resposta a havia deixado apreensiva. Imediatamente perguntou:

— Is it a book?

Sorri da pergunta: tenho vivido uma parte de minha vida no meio de livros, conheço livros, lido com livros, sou capaz de distinguir um livro a primeira vista no meio de quaisquer outros objetos, sejam eles garrafas, tijolos ou cerejas maduras — sejam quais forem. Aquilo não era um livro, e mesmo supondo que houvesse livros encadernados em louça, aquilo não seria um deles: não parecia de modo algum um livro. Minha resposta demorou no máximo dois segundos:

— No, it’s not!

Tive o prazer de vê-la novamente satisfeita — mas só por alguns segundos. Aquela mulher era um desses espíritos insaciáveis que estão sempre a se propor questões, e se debruçam com uma curiosidade aflita sobre a natureza das coisas.

— Is it a handkerchief?

Fiquei muito perturbado com essa pergunta. Para dizer a verdade, não sabia o que poderia ser um handkerchief; talvez fosse hipoteca… Não, hipoteca não. Por que haveria de ser hipoteca? Handkerchief! Era uma palavra sem a menor sombra de dúvida antipática; talvez fosse chefe de serviço ou relógio de pulso ou ainda, e muito provavelmente, enxaqueca. Fosse como fosse, respondi impávido:

— No, it’s not!

Minhas palavras soaram alto, com certa violência, pois me repugnava admitir que aquilo ou qualquer outra coisa nos meus arredores pudesse ser um handkerchief.

Ela então voltou a fazer uma pergunta. Desta vez, porém, a pergunta foi precedida de um certo olhar em que havia uma luz de malícia, uma espécie de insinuação, um longínquo toque de desafio. Sua voz era mais lenta que das outras vezes; não sou completamente ignorante em psicologia feminina, e antes dela abrir a boca eu já tinha a certeza de que se tratava de uma palavra decisiva.

— Is it an ash-tray?

Uma grande alegria me inundou a alma. Em primeiro lugar porque eu sei o que é um ash-tray: um ash-tray é um cinzeiro. Em segundo lugar porque, fitando o objeto que ela me apresentava, notei uma extraordinária semelhança entre ele e um ash-tray. Era um objeto de louça de forma oval, com cerca de 13 centímetros de comprimento.

As bordas eram da altura aproximada de um centímetro, e nelas havia reentrâncias curvas — duas ou três — na parte superior. Na depressão central, uma espécie de bacia delimitada por essas bordas, havia um pequeno pedaço de cigarro fumado (uma bagana) e, aqui e ali, cinzas esparsas, além de um palito de fósforos já riscado. Respondi:

— Yes!

O que sucedeu então foi indescritível. A boa senhora teve o rosto completamente iluminado por onda de alegria; os olhos brilhavam — vitória! vitória! — e um largo sorriso desabrochou rapidamente nos lábios havia pouco franzidos pela meditação triste e inquieta. Ergueu-se um pouco da cadeira e não se pôde impedir de estender o braço e me bater no ombro, ao mesmo tempo que exclamava, muito excitada:

— Very well! Very well!

Sou um homem de natural tímido, e ainda mais no lidar com mulheres. A efusão com que ela festejava minha vitória me perturbou; tive um susto, senti vergonha e muito orgulho.

Retirei-me imensamente satisfeito daquela primeira aula; andei na rua com passo firme e ao ver, na vitrine de uma loja,alguns belos cachimbos ingleses, tive mesmo a tentação de comprar um. Certamente teria entabulado uma longa conversação com o embaixador britânico, se o encontrasse naquele momento. Eu tiraria o cachimbo da boca e lhe diria:

— It’s not an ash-tray!

E ele na certa ficaria muito satisfeito por ver que eu sabia falar inglês, pois deve ser sempre agradável a um embaixador ver que sua língua natal começa a ser versada pelas pessoas de boa-fé do país junto a cujo governo é acreditado.


Rubem Braga



terça-feira, 10 de novembro de 2009

A Inspiração de Clarice Lispector



A paixão alimenta a literatura ou a enfraquece? Amar leva a escrever ou a calar? Clarice - A Vida de Clarice Lispector, biografia do jornalista norte-americano Benjamin Moser - que chega neste mês ao Brasil com o status de ser a mais completa sobre a autora de Laços de Família e Felicidade Clandestina —, sugere que, mesmo quando o amor é impossível, ele estimula a escrita. Mesmo fracassado, um amor pode ajudar a escrever.

Casada entre 1943 e 1959 com o diplomata Maury Gurgel Valente, Clarice nunca escondeu que se sentia sufocada pela vida conjugal. "Nada tenho feito, nem lido, nem nada. Sou inteiramente Clarice Gurgel Valente", escreveu em uma carta datada de 1944. Se o casamento com Maury "deu certo" - gerou dois filhos e perdurou por 16 anos - a paixão pelo romancista mineiro Lúcio Cardoso foi muito mais importante para sua escrita, mesmo "dando errado".

Quando se conheceram, em 1940, Clarice tinha 20 anos, e Lúcio - brilhante e sedutor -, 28. Mas era um amor impossível: Lúcio era um homossexual assumido. Havia, porém, lembra Moser, um segundo impedimento: os dois eram "parecidos demais". Mesmo assim, especula Moser, foi esse amor não correspondido que levou Clarice a cultivar a solidão - condição essencial para a escrita. Mais que isso: foi o fracasso no amor que a empurrou para a literatura. Por meio de Lúcio, ela passou a frequentar as rodas literárias do "grupo introspectivo", que se reunia no Bar Recreio, no Rio de Janeiro. Chegou, assim, à poesia metafísica de Augusto Frederico Schmidt e encontrou sua ascendência "mística" em Cornélio Penna e Octavio de Faria, essenciais para a sua obra. Foi Lúcio Cardoso quem sugeriu o título de seu primeiro romance, Perto do Coração Selvagem (1943). Foi ele, ainda, quem lhe mostrou que as anotações dispersas, que ela tomava às tontas e pareciam incoerentes, eram, na verdade, o seu método.

Nos anos 60, Clarice Lispector se aproximou de outro escritor: o cronista e poeta mineiro Paulo Mendes Campos. Desde 1959 estava separada de Maury, com quem tinha morado na Itália, Suíça e Estados Unidos. Em junho daquele ano, regressou com os dois filhos ao Brasil, apostando novamente na solidão. Em 1962, porém, envolveu-se com Paulo.

Diz Moser, com astúcia, que ele foi uma "versão heterossexual" de Lúcio Cardoso. Ambos eram mineiros, católicos, talentosos e sedutores. Eram também perdulários, boêmios e alcoólatras. Como Lúcio, Paulo exerceu uma forte influência intelectual sobre Clarice. Mas era outro amor impossível: ele era casado. Mesmo assim os dois viveram uma paixão secreta. Vínculos invisíveis os ligavam. O jornalista Ivan Lessa assim resumiu: "Em matéria de neurose, nasceram um para o outro". Clarice tentava ser discreta, mas não continha a ansiedade. Intimado pela mulher, Paulo partiu com a família para Londres. Moser avalia que o fim do romance isolou Clarice do meio literário e, de um modo mais geral, do "mundo adulto", com o qual ela teve sempre laços muito frágeis. Ela o amou até o fim de seus dias.

TENSÃO E LOUCURA

É sempre ambígua e tensa a relação amorosa entre escritores. Influenciada pela filosofia de Jean-Paul Sartre, com quem viveu uma relação heterodoxa, Simone de Beauvoir acreditava que todo amor é impossível, mas que era possível fazer muito de seus destroços. Só porque via o amor como uma experiência desastrosa, Simone conseguiu amar Sartre: não moravam juntos, não tiveram filhos e namoravam outras pessoas. Ele mais que ela. "Não somos a mesma pessoa, mas temos as mesmas recordações", Simone argumentava. Tinha certeza de que, escrevendo, ajudava Sartre a entender quem ele era.

Às vezes, como mostra a relação dos poetas Paul Verlaine e Arthur Rimbaud, a mistura de literatura e paixão resvala na loucura. Quando se aproximaram, Verlaine, um homem casado, tinha 26 anos, e Rimbaud era um rapazote de 17. Correspondiam-se. Apaixonaram-se. Verlaine se embriagou com as ideias de Rimbaud, que combatia os parnasianos, a família e a pátria. Na busca do "desregramento dos sentidos", abusaram do absinto e do haxixe. Mas brigavam sempre. Verlaine se arrependia sempre. "Volte, volte, amigo. Juro que serei bom", escreveu em carta de 1873. Numa dessas brigas, Verlaine feriu Rimbaud com um tiro no punho. Passou dois anos na prisão. A paixão os destruiu, mas ampliou os limites de sua poesia.

A mistura de amor e literatura tomou uma forma quase perfeita na figura da escritora Lou Andreas-Salomé. Brilhante e sensual, ela "devorou" o espírito de três grandes homens: o poeta Rainer Maria Rilke, o filósofo Friedrich Nietzsche e o fundador da psicanálise, Sigmund Freud. Foram amores distintos - que ela, friamente, chamava de "experiências". Com Rilke, ela viveu uma paixão intensa que esbarrou na fraqueza do poeta. Aos poucos, Lou entendeu que a poesia era, para ele, o avesso do desespero. Ficou com o melhor - o poeta - e se afastou do homem. Pragmática, escreveu: "Se você quer uma vida, aprenda a roubá-la".

Mesmo quando bordeja o desespero, a paixão sustenta a literatura. Casada em 1912 com o escritor Leopold Woolf, nem o amor salvou Virginia Woolf. Na base da paixão de Leopold por Virginia estava não só o fascínio por sua escrita, mas o desejo de salvá-la da loucura - que enfim, no ano de 1941, levou-a a afogar-se no rio Ouse. A admiração literária e o amor não garantiram a felicidade. Mas a fizeram escrever.

Também é impossível não pensar no poeta britânico Ted Hughes, cujo amor foi insuficiente para salvar a mulher, a norte-americana Sylvia Plath, do suicídio - que ela enfim cometeu em 1963. Um ano antes, cansado, Hughes a deixou. Tantas e tantas vezes a paixão não basta. Mas a importância de Hughes na poesia de Sylvia é indiscutível.

Mesmo quando se torna asfixiante, a paixão não anula a escrita. O caso entre os americanos F. Scott Fitzgerald e Zelda Sayre é uma prova disso. Em carta de 1920, Zelda escreve ao amado: "Eu jamais poderia passar sem você - ainda que me deixasse morrer de fome e me espancasse". A presença esmagadora de Scott não a impediu de escrever um belo romance como Esta Valsa É Minha, de fundo autobiográfico. Já em sua vida pessoal, o amor não lhe bastou. Em 1930, demonstrando a insuficiência da paixão para sustentar uma vida, Zelda foi internada como louca.

Nem todos, como o argentino Adolfo Bioy Casares, tiveram a sorte de transformar a parceria amorosa - no caso, o casamento com a escritora Silvina Ocampo - em fecunda parceira literária. Juntos, escreveram Quem Ama, Odeia, novela simples, mas inspirada, que resume um pouco não só os paradoxos da paixão, mas as relações tensas, porém produtivas, entre amor e literatura.

Adolfo e Silvina são, provavelmente, uma exceção. Mesmo quando fracassa, porém, um amor pode salvar um escritor.


Fonte: Texto extraído da Revista Bravo! - Novembro/09

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

E se me achar estranha...

"E se me achar estranha, respeite. Pois até eu fui obrigada a me respeitar!" (Clarice Lispector)

Como sempre, Clarice falou. E disse.

Com certeza você já sonhou em escrever (ou ler) um recado assim...

Recado ao Senhor 903

“Vizinho,

Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal – devia ser meia-noite – e a sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão. O regulamento do prédio é explícito e, se não o fosse, o senhor ainda teria ao seu lado a Lei e a Polícia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito a repouso noturno e é impossível repousar no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor; é impossível ao 903 dormir quando o 1003 se agita; pois como não sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números, dois números empilhados entre dezenas de outros. Eu, 1003, me limito a Leste pelo 1005, a Oeste pelo 1001, ao Sul pelo Oceano Atlântico, ao Norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 – que é o senhor. Todos esses números são comportados e silenciosos: apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua. Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão: ao meu número) será convidado a se retirar às 21h45, e explicarei: o 903 precisa repousar das 22 às 7 pois as 8h15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levará ate o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda numerada: e reconheço que ela só pode ser tolerável quando um número não incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos. Peço-lhe desculpas – e prometo silêncio.
[...] Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: ‘Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou’. E o outro respondesse: ‘Entra vizinho e come do meu pão e bebe do meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e a cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela’.
E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.”

Rubem Braga

sábado, 17 de outubro de 2009

Um café e...

http://www.carlosdrummonddeandrade.com.br/
http://www.claricelispector.com.br/
http://www.youtube.com/watch?v=PgQalo1T5ZU
http://www.youtube.com/watch?v=EyguGYQatxs

Minha mais nova aquisição: Os Irmãos Karamázov, de Dostoiévski


Olá!

Hoje venho aqui no blog expressar a minha felicidade em ter (finalmente) adquirido uma das obras mais geniais de que se tem notícia: Os Irmãos Karamázov, de Fiódor Dostoiévski. Confesso que ainda não dei início à leitura, porém sei da importância ímpar que a obra possui. Capaz de influenciar pensadores como Nietzsche e Freud, que chegou a considerá - lo "o maior romance já escrito", Os Irmãos Karamázov traz na sua narrativa um Dostoiévski ainda mais visceral e inesquecível. Apaixonar - se pelo mais importante escritor russo é algo quase que certo (digo "quase" porque tenho ciência de que nem todos agradam - se com os seus escritos). Eu mesma dei início a essa paixão por meio da leitura de Crime e Castigo, um clássico por si só.E o mais bacana de tudo: a edição que adquiri é a da Editora 34. Isso significa que temos uma obra da mais alta qualidade, pois os textos são traduzidos diretamente do russo para o português. E também significa um motivo de orgulho pessoal, pois fui aluna do tradutor - o mestre Paulo Bezerra (merecidamente homenageado neste blog) durante os meus anos de estudo na UFF. Bem, uma certeza que tenho é de que assim como na leitura de Crime e Castigo, terei uma agradável surpresa ao transitar pelas páginas de Os Irmãos Karamázov. Em se tratando do inigualável Dostoiévski, isso é mais do que certo.

Presente

Olá!

Este é o poema mais recente de minha autoria, que estará juntamente com outros escritos de mesmo valor - a abordagem do amor como algo real e componente do cotidiano. Também é a composição que marca o meu retorno aos escritos poéticos. Dedicado à pessoa mais importante que já tive a oportunidade de conhecer (e ter). É um relato de amor. Um poema de amor. Uma história de amor.


Presente

Antes de ter você,
Minhas noites eram vazias. Não havia vida correndo em minhas veias.
Antes de provar o mel do teu beijo,
Tinha de conviver com o fel das escolhas erradas.
Antes de cair nos teus braços,
Contentava – me com a esperança de um dia encontrar um amor.
Ah, um amor. Isso mesmo. Um amor.
Antes de enfeitiçar – me com o teu olhar,
Agitava – me com músicas e danças na solidão do meu ser.
Um edifício, um castelo,
Longos e róseos corredores
E nesses caminhos incertos
Encontrei você.
Na porta de um elevador,
Todas as palavras resumidas em dois sorrisos.
Quem poderia imaginar um sentimento tão intenso
Ser encontrado nos degraus de uma escada?
Libido e volúpia
Unidas a dois corpos pulsantes
A amar sem limites nem hora para partir...
E deste amar incessante, desta vontade de ter
Surgiu um novo caminho
Que nos levou a um encontro
Definitivo para as nossas vidas.
E você, meu único e precioso presente,
É tudo hoje que tenho.
Meu ar, minha pulsação,
Meu caminhar, meu cantar, meu pensar,
Meu viver.
Por mais que eu parta
Não me deixes.
Nem que para isso,
Eu tenha de renascer.
Para ser o teu presente,
O teu viver.

Letícia Häangler-Bohr

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Ao mestre com carinho: Paulo Bezerra



Olá!

É com grande satisfação que venho hoje ao blog prestar uma merecida homenagem a um dos mais importantes tradutores do nosso país. Tive a oportunidade de ser aluna do grande mestre Paulo Bezerra na UFF e de estar perto de uma pessoa de grande coração e de uma simpatia contagiante. Como diz o ditado, "As ações falam muito mais do que as palavras". Então decidi postar nessa homenagem um pouco do que é o importante trabalho de Paulo Bezerra frente às traduções de Fiódor Dostoiévski, simplesmente um dos maiores expoentes da literatura russa e um dos mais consagrados de toda a literatura universal.

Paulo Bezerra

Natural do Estado da Paraíba, Paulo Azevedo Bezerra nasceu em 7 de fevereiro de 1940. Professor, tradutor e ensaísta, é graduado em História e Filologia, com especialização em tradução, pela Lomonóssov State University (1969), de Moscou, e em Língua Portuguesa e Literatura, pela Universidade Gama Filho/RJ (1976). Mestre e Doutor em Letras pela PUC-Rio, professor de Teoria Literária e Literatura Brasileira pela UFF, atualmente exerce a livre-docência em Literatura Russa pela USP.

Entre os anos de 1963 a 1971, morou na ex-União Soviética, em Moscou, onde começou a traduzir, inicialmente como prática acadêmica no curso de tradução, e em seguida, na Rádio Moscou. De volta ao Brasil, paralelamente à atividade como professor, deu início a um importante trabalho de tradução da língua russa para o português, e embora fosse familiarizado com idiomas como o espanhol, o francês e o italiano, traduziu exclusivamente do idioma eslavo.

Paulo Bezerra traduziu mais de 30 títulos, em todas as áreas de conhecimento e dos mais diversos autores, de Vigotski a Bakhtin, de Kopnin a Dostoiévski. Devido à diversidade de títulos traduzidos, para verter obras da área de ciências humanas, costuma adotar o critério da importância e da novidade; para trabalhar com aquelas de ficção, o critério estético. Além de artigos em periódicos, escreveu também Dostoiévski: Bobók - Tradução e análise do conto, ensaio onde descreve o processo de tradução empregado à narrativa do grande escritor russo.

Pela obra traduzida, Paulo Bezerra recebeu três prêmios: Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (2002) e Prêmio Paulo Rónai (2002), da Fundação Biblioteca Nacional, por O idiota, de Dostoiévski, e Prêmio Jabuti da CBL (2º lugar, 2005) pela tradução de Os Demônios, do mesmo autor.

Fonte: DITRA - Dicionário de Tradutores Literários no Brasil

Ao grande mestre, um carinhoso abraço e a certeza da admiração verdadeira!

Vanessa Leticia Lamas.

sábado, 10 de outubro de 2009

Apresentação do Blog Literama

Olá!

É com grande satisfação que apresento o blog Literama. Nascido de uma ideia simples de unir poemas e escritos de autoria desta que vos fala com o que há de mais bacana na literatura e na cultura atuais (sem esquecer é claro do que já é consagrado). Enfim, um espaço não só para a publicação de material inédito como também para a publicação de assuntos interessantes (e geralmente pouco divulgados pela "grande mídia" - ainda bem!) e nem por isso menos prazerosos.

Välkommen! Bem-vindo!