Este poema é parte integrante dos meus escritos de 2009. Trata-se de um momento de inspiração cujo cenário é a indescritível beleza da ilha de Santorini - uma das minhas paixões, desde a infância.
Santorini
Foi como num sonho.
Nossos corpos encontraram - se em meio à ventania
E o mar, bálsamo dos poetas
Molhou nossos pés nus.
As casinhas brancas ao longe pareciam observar cada palavra, cada movimento
As mãos entrelaçadas como tecido a envolver a pele
E as pernas, pequenas e suntuosas reféns
Do desejo guardado nas teias do passado
Tatuaram intensas sensações.
O vento tornou - se pungente, a descompassar os sentidos
E levou - nos ao ápice dos sentimentos
Gritos e sussurros partituraram a canção
Que há muito queríamos ouvir.
Desenhos na fria areia mais pareciam telas saídas d'alma
Impressas por cada ato, por cada dedo.
Palavras tornaram - se inúteis
Para traduzir cada gesto, cada olhar.
O relógio soa encantado
Como um menino que deixa - se levar pelo primeiro encontro
Olho para a janela e sinto o ar helênico
Tocar meus cabelos suavemente.
Vejo que não sonhei, pois os alvos lençóis denunciam
Que ali estão dois amantes
Seres unidos pelas composições do tempo
A enamorar - se sem pudor, sem limites.
Letícia Häangler-Bohr
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