quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Feliz 2011!


Olá!

Desejo a todos um Fabuloso Ano Novo! Muita Paz e Harmonia!
Deixo um trecho do poema Receita de Ano Novo, de Carlos Drummond de Andrade, que considero o mais especial:


"Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre."

Faço minhas as palavras de Drummond. Façamos por onde merecer este Ano Novo que tanto queremos!


Feliz 2011! =D

Letícia Vaughan Häangler-Bohr

Uma Perguntinha...


Você já abraçou alguém hoje? Então aqui fica a dica de uma abraçófila (apelido carinhoso que recebi do grande Lê, amigo de todas as horas nos tempos de UFF): abrace mais. Mesmo que seja seu vizinho, um colega de trabalho, um conhecido do bairro ou até mesmo um desconhecido. Vamos nos abraçar mais e discutir menos. Vamos amar mais uns aos outros do que ficar disputando atenções no vazio. Vamos cuidar mais do que amamos do que perder tempo cuidando daquilo que não nos faz bem. Vamos sorrir mais e permitir que a vida sorria de volta todos os dias.

Para você, o meu abraço.

Letícia Vaughan Häangler-Bohr

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Manifesto de Inverno


Olá!

Confesso que há muito escrevi esta pequena crônica que estou a publicar somente hoje, mas acredito que não há período melhor para a sua publicação do que agora. Sim, agora. Com o advento do verão escaldante que está aterrorizando a todos - sobretudo no Rio de Janeiro - nada melhor do que ler palavras gélidas, porém sutis.


Manifesto de Inverno

Eis a estação mais intrigante do ano. E a mais apaixonante. O Inverno. Paisagens gélidas nos países frios, muita umidade nos tropicais. Minha paixão pelo Inverno é antiga, desde os tempos d'infância. Parece-me que os corações tornam-se mais afáveis e solidários, os entes mais queridos, os amantes mais amáveis. Há quem diga que é a estação mais cruel do ano. Eu discordo veementemente. O Verão torna os corações mais individualistas, menos afáveis, bem menos amáveis. Pelo menos na terra brasilis é isso o que eu vejo. E sinto. Não estou, pois, desconsiderando um belo dia ensolarado - tampouco diminuindo a sua importância. Deixo registrada nestas trêmulas linhas uma singela homenagem àquela que é a "grande vilã" de muitos e uma querida para poucos. Brindemos este momento com um bom capuccino e/ou numa bela mesa de fondue com vinho. Esqueçamos as individualidades e aproximemos os corações. Transformemo-nos em pessoas mais afáveis. E mais amáveis.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Em tempos políticos... Bertold Brecht.

Olá!

Diante dos acontecimentos no âmbito político do nosso país (leia-se, eleições 2010) sinto-me no dever cívico de compartilhar com todos um poema do dramaturgo alemão Bertold Brecht, um homem que por meio da sua arte (e da sua visão acerca do mundo) influenciou (e ainda influencia) toda uma geração. Leia e veja como os versos exprimem exatamente o sentimento de vários nesse momento (e eu incluo-me nessa lista). Identifique-se (ou não), concorde (ou não), mas não deixe de ler.


O Analfabeto Político


O pior analfabeto
É o analfabeto político,
Ele não ouve, não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos.

Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.

O analfabeto político
é tão burro que se orgulha
e estufa o peito dizendo
que odeia a política.

Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política
nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e o lacaio
das empresas nacionais e multinacionais.


Bertold Brecht

O Blog, A Volta

Olá!

Depois de algum tempo sem postagens, o blog volta das longas férias com visual novo e energias renovadas. Na bagagem muitas experiências gratificantes e muitas impressões a compartilhar.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Um Passeio Inesquecível



Desde criança sempre tive o sonho de passear de balão (o de ar quente, com cestinha e tudo). Cheguei a assistir um festival de balões lá pelos idos dos anos 80 (era bem criancinha mesmo, juro) e meu encantamento iria tornar-se permanente, já que até hoje sinto a mesma emoção em vê-los partir em direção ao céu, numa viagem simplesmente inesquecível. A trilha sonora, sem dúvida alguma, é a canção I Hear You Now, da dupla Jon & Vangelis (ah, o Jon citado é aquele que foi (e ainda é) vocalista de uma banda bem fraquinha, o Yes.). Não sei porque, mas toda vez que procuro alguma informação em relação ao Balonismo (é um esporte muito cultuado, principalmente em países europeus), é sempre essa canção que surge como música de fundo tanto nas pesquisas quanto nos meus pensamentos. O video postado traduz em imagens e som exatamente o que digo com estas singelas palavras. É para curtir... E viajar.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Pílulas de Amor (Parte I)

"Quando duas pessoas fazem amor, não estão apenas fazendo amor, estão dando corda ao relógio do mundo".

Mario Quintana

quarta-feira, 26 de maio de 2010

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Onirismo



E finalmente ele acordou. Assustado, envolto na desorganização dos pensamentos que ainda viajavam na velocidade da luz. Sentiu ânsia de vômito, bocejou, pensou em deitar novamente. Mas não deitou. Levantou-se num súbito pulo da cama. E ela sentiu a aspereza do salto que desarrumou o lençol. Ele não permitiu sequer que ela o interpelasse - bateu a porta do quarto e saiu. Foi à cozinha, bebeu um pouco de vinho que sobrara do jantar - mais uma tentativa dela de ser a "mulher perfeita", sempre inventando jantares "temáticos" para preencher o vazio existente. Há muito ele não era o mesmo - andava tristonho, um pouco arredio, sem vontade nem mesmo de trabalhar. Descobrira que aquela relação baseava-se numa oportunidade para ela e numa fuga momentânea para ele. O mais intrigante era o universo que apresentava-se para ele diariamente nos últimos meses. Vários sonhos com a mesma pessoa - uma pessoa que o tempo transformara em passado. E esse passado não se fazia presente. A angústia tomou-lhe grande parte das horas. Enfim, flertava com o que ele acreditava ser a loucura. Passou a lembrar de momentos não vividos, fantasiando situações onde realidade e surrealismo dançavam uma valsa cujo disco estava arranhado. Vasculhou as verdadeiras e únicas lembranças - essas sim, reais. E materiais. Já tinha perdido a conta de quantas vezes havia lido aquele livro e visto aquele filme. Sabia de cor todos os parágrafos e todas as falas. Mas isso não bastava. O mais desesperador era saber que aquela pessoa morava no mesmo país, no mesmo Estado. Só não moravam mais na mesma cidade. A vontade de procurá-la era incessante, porém a incerteza da resposta o amedrontava. Não saber se ela permitiria uma aproximação o entristecia de forma pungente. Enquanto ele juntava passado e presente numa tentativa de construir um universo particular, ela, na outra cidade, apagava cada vez mais qualquer resquício ligado ao seu passado. Ganhou de presente uma borracha infalível, capaz de apagar até mesmo os resquícios familiares, os mais sofríveis na opinião dela. Começo para um, dúvida para o outro. Liberdade conquistada para ela, clausura voluntária para ele. O mundo lá fora cada vez maior para ela, o universo particular cada vez mais fechado para ele. Antíteses que formavam uma dura - e crua - realidade. Ela viva. E ele, apenas sonhava.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Dupla Dinâmica


Café e Livros. Duas paixões juntas formando um único cenário. Singular.

Chico Buarque lê Álvaro de Campos




Encontrei este video onde Chico Buarque lê Dobrada à Moda do Porto num restaurante em Lisboa. Video simples, porém encantador.

terça-feira, 2 de março de 2010

Álvaro de Campos e sua Dobrada à moda do Porto



Fernando Pessoa é um poeta singular. E isso é inconteste. Porém, a obra poética que mais me toca é a do heterônimo Álvaro de Campos. Sua escrita é a mais visceral, a mais angustiada, a mais humana possível. A genialidade dos versos encontra-se nos elementos mais simples, como ilustra o poema a seguir. Talvez por isso Dobrada à moda do Porto seja o meu poema favorito entre todos de Pessoa e seus heterônimos.


Dobrada à moda do Porto

Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,
Serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.

Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,
E vim passear para toda a rua.

Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo ...

(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,
Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje).

Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram
Dobrada à moda do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio,
Mas trouxeram-mo frio.
Não me queixei, mas estava frio,
Nunca se pode comer frio, mas veio frio.

Álvaro de Campos

Quando a imagem fala por si...



O que nos resta é admirar.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Paroles...



Definitivamente eu não sou uma pessoa solar. Não que eu abomine o Sol (eu até acho belo acordar com uma manhã ensolarada e de céu azul batendo à janela), mas sou fascinada por dias nublados e frios. Um capuccino, casacos de veludo, um céu poderoso e infinitamente maior são elementos que me encantam de forma inebriante, da mesma forma que um bom Cabernet Sauvignon encanta o mais austero dos paladares.
Eu amo ir à praia. À noite. O mar torna-se infinitamente poderoso e sensorial, diferentemente de um dia ensolarado cuja areia é tomada por um sem-fim de pessoas ávidas por bronzeados e exibicionismos à revelia. Também amo tomar banho de mar de roupa. Gosto de sentir aquela sensação de segunda pele que somente uma roupa colada ao corpo pode proporcionar. Contemplar o luar, então, nem se fala... Bem, meu senso comum é completamente incomum. Quando na idade escolar, os professores já denunciavam a minha mania de querer fugir do tal senso comum a todo o custo. Talvez isso hoje seja evidente nas minhas manias, como alguns insistem em dizer. Eu, daqui do alto da meus vinte e poucos, digo que não são manias, e sim escolhas. Quando você permite à sua essência diferenciar-se das demais, presenteia-se com escolhas. E não com manias.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Feliz Ano Novo!

Olá!

É com grande alegria que retorno às atividades aqui no blog. Ano novo, energias novas. Para celebrar a felicidade em 2010, uma receita especial de um velho amigo nosso. Drummond.

Abraços Fraternais,

Letícia Vaughan Häangler-Bohr.


Receita de Ano Novo


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade