segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Paroles...



Definitivamente eu não sou uma pessoa solar. Não que eu abomine o Sol (eu até acho belo acordar com uma manhã ensolarada e de céu azul batendo à janela), mas sou fascinada por dias nublados e frios. Um capuccino, casacos de veludo, um céu poderoso e infinitamente maior são elementos que me encantam de forma inebriante, da mesma forma que um bom Cabernet Sauvignon encanta o mais austero dos paladares.
Eu amo ir à praia. À noite. O mar torna-se infinitamente poderoso e sensorial, diferentemente de um dia ensolarado cuja areia é tomada por um sem-fim de pessoas ávidas por bronzeados e exibicionismos à revelia. Também amo tomar banho de mar de roupa. Gosto de sentir aquela sensação de segunda pele que somente uma roupa colada ao corpo pode proporcionar. Contemplar o luar, então, nem se fala... Bem, meu senso comum é completamente incomum. Quando na idade escolar, os professores já denunciavam a minha mania de querer fugir do tal senso comum a todo o custo. Talvez isso hoje seja evidente nas minhas manias, como alguns insistem em dizer. Eu, daqui do alto da meus vinte e poucos, digo que não são manias, e sim escolhas. Quando você permite à sua essência diferenciar-se das demais, presenteia-se com escolhas. E não com manias.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Feliz Ano Novo!

Olá!

É com grande alegria que retorno às atividades aqui no blog. Ano novo, energias novas. Para celebrar a felicidade em 2010, uma receita especial de um velho amigo nosso. Drummond.

Abraços Fraternais,

Letícia Vaughan Häangler-Bohr.


Receita de Ano Novo


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade