tag:blogger.com,1999:blog-44607366012411914922024-03-13T11:02:50.653-07:00LiteramaUm espaço onde Literatura e Cultura (de qualidade) falam a mesma língua.Literamahttp://www.blogger.com/profile/05098380804049921627noreply@blogger.comBlogger32125tag:blogger.com,1999:blog-4460736601241191492.post-8214919123639249782011-01-18T13:03:00.000-08:002011-01-18T13:17:29.357-08:00Virada Cultural<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgN2SwRbcuifvFk85BiVkad9LB5vJ2z4lgKCC6cH8h1yM1D86FQtdQUF2MCK1BVYsAtmqhIXTCgsjg_jJtuWuTTA5utpQYuUuXUO9Mm_FhxMXaNCOibKxrOECJFkCGZHb53i3v3rSglaac/s1600/virada_cultural_2009.jpg"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 291px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgN2SwRbcuifvFk85BiVkad9LB5vJ2z4lgKCC6cH8h1yM1D86FQtdQUF2MCK1BVYsAtmqhIXTCgsjg_jJtuWuTTA5utpQYuUuXUO9Mm_FhxMXaNCOibKxrOECJFkCGZHb53i3v3rSglaac/s400/virada_cultural_2009.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5563635024225848658" border="0" /></a><br /><div style="text-align: justify;">Olá!<br /><br />O título da postagem e a imagem escolhida não podiam ser melhores para representar este momento de mudança no blog Literama. Outrora representante quase indelével da Literatura em todas as suas manifestações, a partir desta data também será um espaço aberto aos mais variados assuntos ligados à Cultura (de qualidade) e às ciências humanas de um modo geral. Sempre, é claro, mantendo o mesmo espírito do momento de sua criação nos idos de 2009: escritos de refinada qualidade, selecionados cuidadosamente sem perder a simplicidade. A mudança também pode ser vista no novo design, uma clara referência à Cultura em todas as suas amplitudes.<br /><br />Sejam bem-vindos à esta Virada Cultural!<br /><br />Abraços,<br /><br /><div style="text-align: right;"><span style="font-weight: bold;">Letícia Vaughan Häangler-Bohr.</span><br /></div></div>Literamahttp://www.blogger.com/profile/05098380804049921627noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4460736601241191492.post-87163889687502316152011-01-12T15:49:00.000-08:002011-01-12T15:51:41.566-08:00Para começar o ano com estilo...<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJDJ4kzili51QRMCNwc6xMsscGkBNXa75KuN4gQtZhpkhV3VrJzeN_XSES6ddXH0hPKQEsZppTjqYOuN8le7_tWJPmh2NmW246vuntWRNUsUppRQrm2fkoeTklr-Q_oKb_GSUyT6IPQkY/s1600/Um+caf%25C3%25A9%252C+um+livro....jpg"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJDJ4kzili51QRMCNwc6xMsscGkBNXa75KuN4gQtZhpkhV3VrJzeN_XSES6ddXH0hPKQEsZppTjqYOuN8le7_tWJPmh2NmW246vuntWRNUsUppRQrm2fkoeTklr-Q_oKb_GSUyT6IPQkY/s400/Um+caf%25C3%25A9%252C+um+livro....jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5561451087190070258" border="0" /></a><br />Café, livros, conforto e lucidez. Tudo isso é muito bom. Muito mesmo.Literamahttp://www.blogger.com/profile/05098380804049921627noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4460736601241191492.post-69047090521235527062010-12-30T13:18:00.000-08:002010-12-30T14:28:42.129-08:00Feliz 2011!<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2Uxr7EdReEZY2E0jWZT48Umrmfpo1pAIKnS5xl1cS2rTIG594_ySE9ayEpbhhzzMtWbfJ58ZZWGRRVLFYDZ_05X0eyn4xLaKuaG2aqMAF1K7GFVtkMaCLpI03Ae_Q20D7fiTfZKxtEDI/s1600/ano+novo_fogos_copacabana.jpg"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 300px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2Uxr7EdReEZY2E0jWZT48Umrmfpo1pAIKnS5xl1cS2rTIG594_ySE9ayEpbhhzzMtWbfJ58ZZWGRRVLFYDZ_05X0eyn4xLaKuaG2aqMAF1K7GFVtkMaCLpI03Ae_Q20D7fiTfZKxtEDI/s400/ano+novo_fogos_copacabana.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5556590463157315842" border="0" /></a><br />Olá!<br /><br /><div style="text-align: justify;">Desejo a todos um Fabuloso Ano Novo! Muita Paz e Harmonia!<br />Deixo um trecho do poema <span style="font-style: italic;">Receita de Ano Novo</span>, de Carlos Drummond de Andrade, que considero o mais especial:<br /></div><br /><br /><div style="text-align: justify;">"Para ganhar um Ano Novo<br /> que mereça este nome,<br /> você, meu caro, tem de merecê-lo,<br /> tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,<br /> mas tente, experimente, consciente.<br /> É dentro de você que o Ano Novo<br /> cochila e espera desde sempre."<br /><br />Faço minhas as palavras de Drummond. Façamos por onde merecer este Ano Novo que tanto queremos!<br /><br /><br />Feliz 2011! =D<br /><br /><div style="text-align: right;"><span style="font-weight: bold;">Letícia Vaughan Häangler-Bohr</span><br /></div></div>Literamahttp://www.blogger.com/profile/05098380804049921627noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4460736601241191492.post-64779807863315133402010-12-30T12:27:00.000-08:002010-12-30T14:38:45.294-08:00Uma Perguntinha...<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjatksFDqPwChnpHWe5Yf9DeF2VoYQezR25CTXs329DDpv_pXIlbwCf6ms1mzduNEV7q0XExsRsIhV6FMJ0FvOxwn9pjA2_pYDpVV1MvVQVOPZdsXkU5H_nZ-KiBJCMXdEMZxmOgDktYww/s1600/abracos_gratis.jpg"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjatksFDqPwChnpHWe5Yf9DeF2VoYQezR25CTXs329DDpv_pXIlbwCf6ms1mzduNEV7q0XExsRsIhV6FMJ0FvOxwn9pjA2_pYDpVV1MvVQVOPZdsXkU5H_nZ-KiBJCMXdEMZxmOgDktYww/s400/abracos_gratis.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5556581379905357378" border="0" /></a><br /><div style="text-align: justify;">Você já abraçou alguém hoje? Então aqui fica a dica de uma <span style="font-style: italic;">abraçófila</span> (apelido carinhoso que recebi do grande Lê, amigo de todas as horas nos tempos de UFF): abrace mais. Mesmo que seja seu vizinho, um colega de trabalho, um conhecido do bairro ou até mesmo um desconhecido. Vamos nos abraçar mais e discutir menos. Vamos amar mais uns aos outros do que ficar disputando atenções no vazio. Vamos cuidar mais do que amamos do que perder tempo cuidando daquilo que não nos faz bem. Vamos sorrir mais e permitir que a vida sorria de volta todos os dias.<br /><br />Para você, o meu abraço.<br /></div><br /><div style="text-align: right;"><span style="font-weight: bold;">Letícia Vaughan Häangler-Bohr</span><br /></div>Literamahttp://www.blogger.com/profile/05098380804049921627noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4460736601241191492.post-66853016662070736472010-12-22T16:59:00.001-08:002010-12-30T12:21:52.690-08:00Manifesto de Inverno<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjD5kaBwUrMQtkquOwY78yXc9U4ITcSTX-WFqPY4-jU_FH00Jr3CM0EJlome-b6WyjyvD9DoigkckqZoAYT7ahDmpVgxtZJ86WIRWgkVY0TlRxFpNiE9Dlo2QBAdM3gD339I_ZKAjGCsUg/s1600/winter.jpg"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 300px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjD5kaBwUrMQtkquOwY78yXc9U4ITcSTX-WFqPY4-jU_FH00Jr3CM0EJlome-b6WyjyvD9DoigkckqZoAYT7ahDmpVgxtZJ86WIRWgkVY0TlRxFpNiE9Dlo2QBAdM3gD339I_ZKAjGCsUg/s400/winter.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5553676210312756434" border="0" /></a><br /><div style="text-align: justify;">Olá!<br /><br />Confesso que há muito escrevi esta pequena crônica que estou a publicar somente hoje, mas acredito que não há período melhor para a sua publicação do que agora. Sim, agora. Com o advento do verão escaldante que está aterrorizando a todos - sobretudo no Rio de Janeiro - nada melhor do que ler palavras gélidas, porém sutis.<br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">Manifesto de Inverno</span><br /><br />Eis a estação mais intrigante do ano. E a mais apaixonante. O Inverno. Paisagens gélidas nos países frios, muita umidade nos tropicais. Minha paixão pelo Inverno é antiga, desde os tempos d'infância. Parece-me que os corações tornam-se mais afáveis e solidários, os entes mais queridos, os amantes mais amáveis. Há quem diga que é a estação mais cruel do ano. Eu discordo veementemente. O Verão torna os corações mais individualistas, menos afáveis, bem menos amáveis. Pelo menos na <span style="font-style: italic;">terra brasilis </span>é isso o que eu vejo. E sinto. Não estou, pois, desconsiderando um belo dia ensolarado - tampouco diminuindo a sua importância. Deixo registrada nestas trêmulas linhas uma singela homenagem àquela que é a "grande vilã" de muitos e uma querida para poucos. Brindemos este momento com um bom <span style="font-style: italic;">capuccino </span>e/ou numa bela mesa de <span style="font-style: italic;">fondue </span>com vinho. Esqueçamos as individualidades e aproximemos os corações. Transformemo-nos em pessoas mais afáveis. E mais amáveis.</div>Literamahttp://www.blogger.com/profile/05098380804049921627noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4460736601241191492.post-80494179450138598142010-10-25T17:02:00.000-07:002010-10-25T17:14:30.011-07:00Em tempos políticos... Bertold Brecht.Olá!<br /><br />Diante dos acontecimentos no âmbito político do nosso país (leia-se, eleições 2010) sinto-me no dever cívico de compartilhar com todos um poema do dramaturgo alemão Bertold Brecht, um homem que por meio da sua arte (e da sua visão acerca do mundo) influenciou (e ainda influencia) toda uma geração. Leia e veja como os versos exprimem exatamente o sentimento de vários nesse momento (e eu incluo-me nessa lista). Identifique-se (ou não), concorde (ou não), mas não deixe de ler.<br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">O Analfabeto Político</span><br /><br /><br />O pior analfabeto<br />É o analfabeto político,<br />Ele não ouve, não fala,<br />nem participa dos acontecimentos políticos.<br /><br />Ele não sabe que o custo de vida,<br />o preço do feijão, do peixe, da farinha,<br />do aluguel, do sapato e do remédio<br />dependem das decisões políticas.<br /><br />O analfabeto político<br />é tão burro que se orgulha<br />e estufa o peito dizendo<br />que odeia a política.<br /><br />Não sabe o imbecil que,<br />da sua ignorância política<br />nasce a prostituta, o menor abandonado,<br />e o pior de todos os bandidos,<br />que é o político vigarista,<br />pilantra, corrupto e o lacaio<br />das empresas nacionais e multinacionais.<br /><br /><br /> <div style="text-align: right;"><span style="font-weight: bold;"> Bertold Brecht</span><br /></div><span style=";font-family:Verdana,Arial,Helvetica,sans-serif;font-size:85%;" ><strong><br /></strong></span>Literamahttp://www.blogger.com/profile/05098380804049921627noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4460736601241191492.post-33334072867319551372010-10-25T17:00:00.000-07:002010-10-25T17:02:08.026-07:00O Blog, A Volta<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQGu6ctKzIbHvG4WuL9nj0pJgCjCnedej4nbrwxeFeF3_1QNG6ypOufOFBBXk3hD3z3-aPqAHBMy0xD4GHtFgQoLPla2hDqAAZ3RUWQIZM9BHtgOccOM8jbpnGh_WIozSIR90hA2cbZ_o/s1600/mala-de-viagem-antiga.jpg"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 300px; height: 290px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQGu6ctKzIbHvG4WuL9nj0pJgCjCnedej4nbrwxeFeF3_1QNG6ypOufOFBBXk3hD3z3-aPqAHBMy0xD4GHtFgQoLPla2hDqAAZ3RUWQIZM9BHtgOccOM8jbpnGh_WIozSIR90hA2cbZ_o/s400/mala-de-viagem-antiga.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5532138012928438578" border="0" /></a>Olá!<br /><br />Depois de algum tempo sem postagens, o blog volta das longas férias com visual novo e energias renovadas. Na bagagem muitas experiências gratificantes e muitas impressões a compartilhar.Literamahttp://www.blogger.com/profile/05098380804049921627noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4460736601241191492.post-91497091573826279062010-06-08T06:16:00.000-07:002010-06-11T17:03:22.040-07:00Um Passeio Inesquecível<object width="480" height="385"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/FcrTKEUAI4E&hl=pt_BR&fs=1&"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/FcrTKEUAI4E&hl=pt_BR&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object><br /><br /><div style="text-align: justify;">Desde criança sempre tive o sonho de passear de balão (o de ar quente, com cestinha e tudo). Cheguei a assistir um festival de balões lá pelos idos dos anos 80 (era bem criancinha mesmo, juro) e meu encantamento iria tornar-se permanente, já que até hoje sinto a mesma emoção em vê-los partir em direção ao céu, numa viagem simplesmente inesquecível. A trilha sonora, sem dúvida alguma, é a canção <span style="font-style: italic;">I Hear You Now</span>, da dupla Jon & Vangelis (ah, o Jon citado é aquele que foi (e ainda é) vocalista de uma banda bem fraquinha, o Yes.). Não sei porque, mas toda vez que procuro alguma informação em relação ao Balonismo (é um esporte muito cultuado, principalmente em países europeus), é sempre essa canção que surge como<span style="font-style: italic;"> música de fundo</span> tanto nas pesquisas quanto nos meus pensamentos. O video postado traduz em imagens e som exatamente o que digo com estas singelas palavras. É para curtir... E viajar.</div>Literamahttp://www.blogger.com/profile/05098380804049921627noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4460736601241191492.post-75848743348991802242010-06-04T22:31:00.000-07:002010-06-04T22:43:20.314-07:00Pílulas de Amor (Parte I)"Quando duas pessoas fazem amor, não estão apenas fazendo amor, estão dando corda ao relógio do mundo".<br /><br /><div style="text-align: right; font-weight: bold;">Mario Quintana<br /></div>Literamahttp://www.blogger.com/profile/05098380804049921627noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4460736601241191492.post-85354255075264709852010-05-26T09:06:00.000-07:002010-06-04T22:45:44.532-07:00Paris...<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinBlnnk9zZ0m4MIqKFVv4tC0FZfC5G9-VQ5RcJ_DDLipKSqKQB_OUseS-CeXDn4zjBFsakrFS2rYUieF5eNTjewUNfSlFE0JOqdVkylZrJt3SOlBU6-o-SUqj9Ov1GgXGIiGo_FbcUpgo/s1600/Torre+Eiffel.jpeg"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 277px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinBlnnk9zZ0m4MIqKFVv4tC0FZfC5G9-VQ5RcJ_DDLipKSqKQB_OUseS-CeXDn4zjBFsakrFS2rYUieF5eNTjewUNfSlFE0JOqdVkylZrJt3SOlBU6-o-SUqj9Ov1GgXGIiGo_FbcUpgo/s400/Torre+Eiffel.jpeg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5475611109771438610" border="0" /></a><br />Ah, Paris... Cidade que não carece de explicações. Somente de impressões.Literamahttp://www.blogger.com/profile/05098380804049921627noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4460736601241191492.post-92033742986285299232010-04-14T21:52:00.000-07:002010-06-04T22:47:13.989-07:00Onirismo<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2j8VYZU31poo5t1aYDaauHPHqHPsF0gfWQ9yUj-eZ22s2JRWqOGc83WQyfqAX2cKBX095mDnH9bhJSQO_vr49PgY6aiErC-uvHWO5K54mENoMsJ3PiZMkIXoaezpZDpWsTD9Oj8LAk8c/s1600/Homem+na+Janela.jpg"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 221px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2j8VYZU31poo5t1aYDaauHPHqHPsF0gfWQ9yUj-eZ22s2JRWqOGc83WQyfqAX2cKBX095mDnH9bhJSQO_vr49PgY6aiErC-uvHWO5K54mENoMsJ3PiZMkIXoaezpZDpWsTD9Oj8LAk8c/s400/Homem+na+Janela.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5460225267117487746" border="0" /></a><br /><br /><div style="text-align: justify;">E finalmente ele acordou. Assustado, envolto na desorganização dos pensamentos que ainda viajavam na velocidade da luz. Sentiu ânsia de vômito, bocejou, pensou em deitar novamente. Mas não deitou. Levantou-se num súbito pulo da cama. E ela sentiu a aspereza do salto que desarrumou o lençol. Ele não permitiu sequer que ela o interpelasse - bateu a porta do quarto e saiu. Foi à cozinha, bebeu um pouco de vinho que sobrara do jantar - mais uma tentativa dela de ser a "mulher perfeita", sempre inventando jantares "temáticos" para preencher o vazio existente. Há muito ele não era o mesmo - andava tristonho, um pouco arredio, sem vontade nem mesmo de trabalhar. Descobrira que aquela relação baseava-se numa <span style="font-style: italic;">oportunidade</span> para ela e numa fuga momentânea para ele. O mais intrigante era o universo que apresentava-se para ele diariamente nos últimos meses. Vários sonhos com a mesma pessoa - uma pessoa que o tempo transformara em passado. E esse passado não se fazia presente. A angústia tomou-lhe grande parte das horas. Enfim, flertava com o que ele acreditava ser a <span style="font-style: italic;">loucura</span>. Passou a lembrar de momentos não vividos, fantasiando situações onde realidade e surrealismo dançavam uma valsa cujo disco estava arranhado. Vasculhou as verdadeiras e únicas lembranças - essas sim, reais. E materiais. Já tinha perdido a conta de quantas vezes havia lido aquele livro e visto aquele filme. Sabia de cor todos os parágrafos e todas as falas. Mas isso não bastava. O mais desesperador era saber que aquela pessoa morava no mesmo país, no mesmo Estado. Só não moravam mais na mesma cidade. A vontade de procurá-la era incessante, porém a incerteza da resposta o amedrontava. Não saber se ela permitiria uma aproximação o entristecia de forma pungente. Enquanto ele juntava passado e presente numa tentativa de construir um <span style="font-style: italic;">universo particular</span>, ela, na outra cidade, apagava cada vez mais qualquer resquício ligado ao seu passado. Ganhou de presente uma borracha infalível, capaz de apagar até mesmo os resquícios familiares, os mais sofríveis na opinião dela. Começo para um, dúvida para o outro. Liberdade conquistada para ela, clausura voluntária para ele. O mundo lá fora cada vez maior para ela, o universo particular cada vez mais fechado para ele. Antíteses que formavam uma dura - e crua - realidade. Ela viva. E ele, apenas sonhava.<br /></div>Literamahttp://www.blogger.com/profile/05098380804049921627noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4460736601241191492.post-53138639517137893422010-03-11T18:56:00.001-08:002010-03-11T18:58:44.174-08:00Dupla Dinâmica<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhk9sT5zQgZGwIigcCYvtfOJYDHSSDwHb-bzHeFOdIRDsx6Z913ZQ0jYHuNQ3xqP6fcQNipuvXYrgq-AQ7SYEXruhGK3nK8DcUun4WHmngnPcUGz3HdVErkUbESgp-gs8jvNibiaqBRgeI/s1600-h/Coffee.JPG"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 326px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhk9sT5zQgZGwIigcCYvtfOJYDHSSDwHb-bzHeFOdIRDsx6Z913ZQ0jYHuNQ3xqP6fcQNipuvXYrgq-AQ7SYEXruhGK3nK8DcUun4WHmngnPcUGz3HdVErkUbESgp-gs8jvNibiaqBRgeI/s400/Coffee.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5447576156481110706" border="0" /></a><br />Café e Livros. Duas paixões juntas formando um único cenário. Singular.Literamahttp://www.blogger.com/profile/05098380804049921627noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4460736601241191492.post-22620742176892191492010-03-11T17:15:00.001-08:002010-03-11T18:55:01.341-08:00Chico Buarque lê Álvaro de Campos<object width="480" height="385"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/DMQIzexrMCA&hl=pt_BR&fs=1&"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/DMQIzexrMCA&hl=pt_BR&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object><br /><br /><br />Encontrei este video onde Chico Buarque lê <span style="font-style: italic;">Dobrada à Moda do Porto</span> num restaurante em Lisboa. Video simples, porém encantador.Literamahttp://www.blogger.com/profile/05098380804049921627noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4460736601241191492.post-1355300339160610392010-03-02T14:27:00.001-08:002010-03-02T14:40:36.304-08:00Álvaro de Campos e sua Dobrada à moda do Porto<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHA3OhE4QAUDs_LydmmjHdgTAHihjYEEfnHwyadKskqytCBx1cmXNY4G_NVtdgjRSrRF0iF-E4tpq1Bjjje578g77FvueeEtfkofXPuuvOkDiLjrsjnSC4gSPgzvMrMTvkHtQqdce3Wko/s1600-h/Dobradinha.gif"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 278px; height: 280px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHA3OhE4QAUDs_LydmmjHdgTAHihjYEEfnHwyadKskqytCBx1cmXNY4G_NVtdgjRSrRF0iF-E4tpq1Bjjje578g77FvueeEtfkofXPuuvOkDiLjrsjnSC4gSPgzvMrMTvkHtQqdce3Wko/s400/Dobradinha.gif" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5444166874634096418" border="0" /></a><br /><br /><div style="text-align: justify;">Fernando Pessoa é um poeta singular. E isso é inconteste. Porém, a obra poética que mais me toca é a do heterônimo Álvaro de Campos. Sua escrita é a mais visceral, a mais angustiada, a mais humana possível. A genialidade dos versos encontra-se nos elementos mais simples, como ilustra o poema a seguir. Talvez por isso <span style="font-style: italic;">Dobrada à moda do Porto</span> seja o meu poema favorito entre todos de Pessoa e seus heterônimos.<br /></div><br /><br />Dobrada à moda do Porto<br /><br />Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,<br />Serviram-me o amor como dobrada fria.<br />Disse delicadamente ao missionário da cozinha<br />Que a preferia quente,<br />Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.<br /><br />Impacientaram-se comigo.<br />Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.<br />Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,<br />E vim passear para toda a rua.<br /><br />Quem sabe o que isto quer dizer?<br />Eu não sei, e foi comigo ...<br /><br />(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,<br />Particular ou público, ou do vizinho.<br />Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.<br />E que a tristeza é de hoje).<br /><br />Sei isso muitas vezes,<br />Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram<br />Dobrada à moda do Porto fria?<br />Não é prato que se possa comer frio,<br />Mas trouxeram-mo frio.<br />Não me queixei, mas estava frio,<br />Nunca se pode comer frio, mas veio frio.<br /> <br /> <div style="text-align: right;"><span style="font-weight: bold;">Álvaro de Campos</span></div>Literamahttp://www.blogger.com/profile/05098380804049921627noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4460736601241191492.post-7764592013899625642010-03-02T00:48:00.000-08:002010-03-02T02:51:08.808-08:00Quando a imagem fala por si...<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgB3F2mFMvsMYgrRkNBuzF5JQwiKHNJdeLnGjQ2UxhS5hNeMfNZtMTVb0qprXTqzUvhZTPcLa6x47tmm4-T1W-aSQSuKzoZ8f1kemM9xELm9ELVlmXIg8_DDyTxcoe7WTWKZw0r4XVh4bc/s1600-h/Winter.jpg"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgB3F2mFMvsMYgrRkNBuzF5JQwiKHNJdeLnGjQ2UxhS5hNeMfNZtMTVb0qprXTqzUvhZTPcLa6x47tmm4-T1W-aSQSuKzoZ8f1kemM9xELm9ELVlmXIg8_DDyTxcoe7WTWKZw0r4XVh4bc/s400/Winter.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5443987139319351250" border="0" /></a><br /><br />O que nos resta é admirar.Literamahttp://www.blogger.com/profile/05098380804049921627noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4460736601241191492.post-22525348729762287352010-01-29T01:48:00.000-08:002010-01-29T01:54:37.434-08:00Jazz...<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEih6xA98ZSDRvxVphvuaxnk51npzLgWZZmJFA7IolcEZZfIITp9lo0mlxTXnlgNWee34azbzMKycizFeICaLN80wbyJB6reg3TF3kd4_2t18-2PvgV2z9CLGeOxDdFZWNlXMOeuCv8Fwfk/s1600-h/jazz.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 330px; height: 330px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEih6xA98ZSDRvxVphvuaxnk51npzLgWZZmJFA7IolcEZZfIITp9lo0mlxTXnlgNWee34azbzMKycizFeICaLN80wbyJB6reg3TF3kd4_2t18-2PvgV2z9CLGeOxDdFZWNlXMOeuCv8Fwfk/s400/jazz.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5432097702731057058" border="0" /></a>Literamahttp://www.blogger.com/profile/05098380804049921627noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4460736601241191492.post-15244959189748963022010-01-18T18:48:00.000-08:002010-01-18T19:44:53.921-08:00Paroles...<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihyphenhyphenZoeRgXKhgtyV8VrMxpH0I-sUxBhNa-ibz95Mw3Zh_LHzsz6Be0RO7ZSHyLEr9Hbo4t_AzTXtT9bqRfB75y1YukCQxvLfpVUr4wbDdepM7E4uxqNrdRya3c_eneGmrCDSby_gp1shEA/s1600-h/Neve+em+Londres.JPG.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihyphenhyphenZoeRgXKhgtyV8VrMxpH0I-sUxBhNa-ibz95Mw3Zh_LHzsz6Be0RO7ZSHyLEr9Hbo4t_AzTXtT9bqRfB75y1YukCQxvLfpVUr4wbDdepM7E4uxqNrdRya3c_eneGmrCDSby_gp1shEA/s400/Neve+em+Londres.JPG.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5428291478599668018" border="0" /></a><br /><div style="text-align: justify;"><br />Definitivamente eu não sou uma pessoa solar. Não que eu abomine o Sol (eu até acho belo acordar com uma manhã ensolarada e de céu azul batendo à janela), mas sou fascinada por dias nublados e frios. Um capuccino, casacos de veludo, um céu poderoso e infinitamente maior são elementos que me encantam de forma inebriante, da mesma forma que um bom Cabernet Sauvignon encanta o mais austero dos paladares.<br />Eu amo ir à praia. À noite. O mar torna-se infinitamente poderoso e sensorial, diferentemente de um dia ensolarado cuja areia é tomada por um sem-fim de pessoas ávidas por bronzeados e exibicionismos à revelia. Também amo tomar banho de mar de roupa. Gosto de sentir aquela sensação de segunda pele que somente uma roupa colada ao corpo pode proporcionar. Contemplar o luar, então, nem se fala... Bem, meu senso comum é completamente incomum. Quando na idade escolar, os professores já denunciavam a minha mania de querer fugir do tal senso comum a todo o custo. Talvez isso hoje seja evidente nas minhas manias, como alguns insistem em dizer. Eu, daqui do alto da meus vinte e poucos, digo que não são manias, e sim escolhas. Quando você permite à sua essência diferenciar-se das demais, presenteia-se com escolhas. E não com manias.<br /></div>Literamahttp://www.blogger.com/profile/05098380804049921627noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4460736601241191492.post-35649244032978365882010-01-12T18:21:00.001-08:002010-01-12T20:05:21.106-08:00Feliz Ano Novo!Olá!<br /><br />É com grande alegria que retorno às atividades aqui no blog. Ano novo, energias novas. Para celebrar a felicidade em 2010, uma receita especial de um velho amigo nosso. Drummond.<br /><br />Abraços Fraternais,<br /><br />Letícia Vaughan Häangler-Bohr.<br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">Receita de Ano Novo</span><br /><br /><br />Para você ganhar belíssimo Ano Novo<br />cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,<br />Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido<br />(mal vivido talvez ou sem sentido)<br />para você ganhar um ano<br />não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,<br />mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;<br />novo<br />até no coração das coisas menos percebidas<br />(a começar pelo seu interior)<br />novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,<br />mas com ele se come, se passeia,<br />se ama, se compreende, se trabalha,<br />você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,<br />não precisa expedir nem receber mensagens<br />(planta recebe mensagens?<br />passa telegramas?)<br /><br />Não precisa<br />fazer lista de boas intenções<br />para arquivá-las na gaveta.<br />Não precisa chorar arrependido<br />pelas besteiras consumidas<br />nem parvamente acreditar<br />que por decreto de esperança<br />a partir de janeiro as coisas mudem<br />e seja tudo claridade, recompensa,<br />justiça entre os homens e as nações,<br />liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,<br />direitos respeitados, começando<br />pelo direito augusto de viver.<br /><br />Para ganhar um Ano Novo<br />que mereça este nome,<br />você, meu caro, tem de merecê-lo,<br />tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,<br />mas tente, experimente, consciente.<br />É dentro de você que o Ano Novo<br />cochila e espera desde sempre.<br /><br /><div style="text-align: right;"> <span style="font-weight: bold;">Carlos Drummond de Andrade</span></div>Literamahttp://www.blogger.com/profile/05098380804049921627noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4460736601241191492.post-20859525648337651442009-12-20T10:29:00.001-08:002009-12-20T10:35:23.993-08:00SantoriniOlá!<br /><br />Este poema é parte integrante dos meus escritos de 2009. Trata-se de um momento de inspiração cujo cenário é a indescritível beleza da ilha de Santorini - uma das minhas paixões, desde a infância.<br /><br /><br />Santorini<br /><br />Foi como num sonho.<br />Nossos corpos encontraram - se em meio à ventania<br />E o mar, bálsamo dos poetas<br />Molhou nossos pés nus.<br />As casinhas brancas ao longe pareciam observar cada palavra, cada movimento<br />As mãos entrelaçadas como tecido a envolver a pele<br />E as pernas, pequenas e suntuosas reféns<br />Do desejo guardado nas teias do passado<br />Tatuaram intensas sensações.<br />O vento tornou - se pungente, a descompassar os sentidos<br />E levou - nos ao ápice dos sentimentos<br />Gritos e sussurros partituraram a canção<br />Que há muito queríamos ouvir.<br />Desenhos na fria areia mais pareciam telas saídas d'alma<br />Impressas por cada ato, por cada dedo.<br />Palavras tornaram - se inúteis<br />Para traduzir cada gesto, cada olhar.<br />O relógio soa encantado<br />Como um menino que deixa - se levar pelo primeiro encontro<br />Olho para a janela e sinto o ar helênico<br />Tocar meus cabelos suavemente.<br />Vejo que não sonhei, pois os alvos lençóis denunciam<br />Que ali estão dois amantes<br />Seres unidos pelas composições do tempo<br />A enamorar - se sem pudor, sem limites.<br /><br /><div style="text-align: left;"> <span>Letícia Häangler-Bohr</span></div>Literamahttp://www.blogger.com/profile/05098380804049921627noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4460736601241191492.post-37400008682760466662009-12-20T09:50:00.000-08:002009-12-20T10:33:38.512-08:00Para não esquecer do meu "Eu" romântico...<span style="font-style: italic;">... </span>Ainda bem que ele é 3a geração pura! Castro Alves <span style="font-style: italic;">über alles</span>!<br /><br /><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-weight: bold;">O gondoleiro do amor</span><br /><br /><br />Barcarola<br /><br /><br />Dama negra<br /><br /><br />Teus olhos são negros, negros,<br />Como as noites sem luar...<br />São ardentes, são profundos,<br />Como o negrume do mar;<br /><br /><br />Sobre o barco dos amores,<br />Da vida boiando à flor,<br />Douram teus olhos a fronte<br />Do Gondoleiro do amor.<br /><br /><br />Tua voz é a cavatina<br />Dos palácios de Sorrento,<br />Quando a praia beija a vaga,<br />Quando a vaga beija o vento;<br /><br /><br />E como em noites de Itália,<br />Ama um canto o pecador,<br />Bebe a harmonia em teus cantos<br />O Gondoleiro do amor.<br /><br /><br />Teu sorriso é uma aurora,<br />Que o horizonte enrubesceu,<br />— Rosa aberta com biquinho<br />Das aves rubras do céu.<br /><br /><br />Nas tempestades da vida<br />Das rajadas no furor,<br />Foi-se a noite, tem auroras<br />O Gondoleiro do amor.<br /><br /><br />Teu seio é vaga dourada<br />Ao tíbio clarão da lua,<br />Que, ao murmúrio das volúpias,<br />Arqueja, palpita nua;<br /><br /><br />Como é doce, em pensamento,<br />Do teu colo no langor<br />Vogar, naufragar, perder-se<br />O Gondoleiro do amor!? ...<br /><br /><br />Teu amor na treva é — um astro,<br />No silêncio uma canção,<br />É brisa — nas calmarias,<br />É abrigo — no tufão;<br /><br /><br />Por isso eu te amo, querida,<br />Quer no prazer, quer na dor,...<br />Rosa! Canto! Sombra! Estrela!<br />Do Gondoleiro do amor.<br /><br /><div style="text-align: right; font-weight: bold;"> Castro Alves<br /></div></div>Literamahttp://www.blogger.com/profile/05098380804049921627noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4460736601241191492.post-35323665177840308942009-12-20T09:36:00.000-08:002009-12-20T09:42:08.650-08:00Espera-me...<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBkmS1lCo2Mlhtuxh4TKBnZ8z7Tv75kPo-pfRg4yzrDUiwwQ0m-u0WQPLiysrfWU-_dDHOKd7CNEbT6EbibB9ftJs4BNxb3fzyi0vJJDz_o7lAoyHRcSiHiY_rADnhHENtyM9gSS0U36I/s1600-h/chuva+-+hassan+farahani.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBkmS1lCo2Mlhtuxh4TKBnZ8z7Tv75kPo-pfRg4yzrDUiwwQ0m-u0WQPLiysrfWU-_dDHOKd7CNEbT6EbibB9ftJs4BNxb3fzyi0vJJDz_o7lAoyHRcSiHiY_rADnhHENtyM9gSS0U36I/s400/chuva+-+hassan+farahani.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5417374794019686626" border="0" /></a><br /><br />... À margem da loucura, num passo errante, num dia de chuva, calor constante.Literamahttp://www.blogger.com/profile/05098380804049921627noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4460736601241191492.post-45171907958978170392009-12-14T22:12:00.000-08:002009-12-20T10:33:09.496-08:00I'm Back! =D<div style="text-align: justify;">Olá!<br /><br />Depois de um tempo considerável sem postar no blog, retorno ao ofício trazendo mais uma crônica do velho Rubem (Rubem Braga). Quando a <span style="font-style: italic;">melancholia </span>(obrigada, Lê!) bate, somente um texto como os do grande capixaba são capazes de trazer uma sensação agradável, semelhante à inconfundível brisa da amada Copacabana de Rubem. Seu nome é <span style="font-style: italic;">Aula de Inglês</span>, crônica integrante daquela coleção que deixou saudades (<span style="font-style: italic;">Para Gostar de Ler, </span>lembra?). Bem, espero que ela (a crônica) traga essa sensação a você também.<br /></div><br /><span style="font-size:100%;"><br /></span><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: bold;font-size:100%;" >Aula de Inglês</span><br /><br /><p style="text-align: justify;">— Is this an elephant?</p> <p style="text-align: justify;">Minha tendência imediata foi responder que não; mas a gente não deve se deixar levar pelo primeiro impulso. Um rápido olhar que lancei à professora bastou para ver que ela falava com seriedade, e tinha o ar de quem propõe um grave problema. Em vista disso, examinei com a maior atenção o objeto que ela me apresentava.</p> <p><span id="more-443"></span></p> <p style="text-align: justify;">Não tinha nenhuma tromba visível, de onde uma pessoa leviana poderia concluir às pressas que não se tratava de um elefante. Mas se tirarmos a tromba a um elefante, nem por isso deixa ele de ser um elefante; mesmo que morra em conseqüência da brutal operação, continua a ser um elefante; continua, pois um elefante morto é, em princípio, tão elefante como qualquer outro. Refletindo nisso, lembrei-me de averiguar se aquilo tinha quatro patas, quatro grossas patas, como costumam ter os elefantes. Não tinha. Tampouco consegui descobrir o pequeno rabo que caracteriza o grande animal e que, às vezes, como já notei em um circo, ele costuma abanar com uma graça infantil.</p> <p style="text-align: justify;">Terminadas as minhas observações, voltei-me para a professora e disse convincentemente:</p> <p style="text-align: justify;">— No, it’s not!</p> <p style="text-align: justify;">Ela soltou um pequeno suspiro, satisfeita: a demora de minha resposta a havia deixado apreensiva. Imediatamente perguntou:</p> <p style="text-align: justify;">— Is it a book?</p> <p style="text-align: justify;">Sorri da pergunta: tenho vivido uma parte de minha vida no meio de livros, conheço livros, lido com livros, sou capaz de distinguir um livro a primeira vista no meio de quaisquer outros objetos, sejam eles garrafas, tijolos ou cerejas maduras — sejam quais forem. Aquilo não era um livro, e mesmo supondo que houvesse livros encadernados em louça, aquilo não seria um deles: não parecia de modo algum um livro. Minha resposta demorou no máximo dois segundos:</p> <p style="text-align: justify;">— No, it’s not!</p> <p style="text-align: justify;">Tive o prazer de vê-la novamente satisfeita — mas só por alguns segundos. Aquela mulher era um desses espíritos insaciáveis que estão sempre a se propor questões, e se debruçam com uma curiosidade aflita sobre a natureza das coisas.</p> <p style="text-align: justify;">— Is it a handkerchief?</p> <p style="text-align: justify;">Fiquei muito perturbado com essa pergunta. Para dizer a verdade, não sabia o que poderia ser um handkerchief; talvez fosse hipoteca… Não, hipoteca não. Por que haveria de ser hipoteca? Handkerchief! Era uma palavra sem a menor sombra de dúvida antipática; talvez fosse chefe de serviço ou relógio de pulso ou ainda, e muito provavelmente, enxaqueca. Fosse como fosse, respondi impávido:</p> <p style="text-align: justify;">— No, it’s not!</p> <p style="text-align: justify;">Minhas palavras soaram alto, com certa violência, pois me repugnava admitir que aquilo ou qualquer outra coisa nos meus arredores pudesse ser um handkerchief.</p> <p style="text-align: justify;">Ela então voltou a fazer uma pergunta. Desta vez, porém, a pergunta foi precedida de um certo olhar em que havia uma luz de malícia, uma espécie de insinuação, um longínquo toque de desafio. Sua voz era mais lenta que das outras vezes; não sou completamente ignorante em psicologia feminina, e antes dela abrir a boca eu já tinha a certeza de que se tratava de uma palavra decisiva.</p> <p style="text-align: justify;">— Is it an ash-tray?</p> <p style="text-align: justify;">Uma grande alegria me inundou a alma. Em primeiro lugar porque eu sei o que é um ash-tray: um ash-tray é um cinzeiro. Em segundo lugar porque, fitando o objeto que ela me apresentava, notei uma extraordinária semelhança entre ele e um ash-tray. Era um objeto de louça de forma oval, com cerca de 13 centímetros de comprimento.</p> <p style="text-align: justify;">As bordas eram da altura aproximada de um centímetro, e nelas havia reentrâncias curvas — duas ou três — na parte superior. Na depressão central, uma espécie de bacia delimitada por essas bordas, havia um pequeno pedaço de cigarro fumado (uma bagana) e, aqui e ali, cinzas esparsas, além de um palito de fósforos já riscado. Respondi:</p> <p style="text-align: justify;">— Yes!</p> <p style="text-align: justify;">O que sucedeu então foi indescritível. A boa senhora teve o rosto completamente iluminado por onda de alegria; os olhos brilhavam — vitória! vitória! — e um largo sorriso desabrochou rapidamente nos lábios havia pouco franzidos pela meditação triste e inquieta. Ergueu-se um pouco da cadeira e não se pôde impedir de estender o braço e me bater no ombro, ao mesmo tempo que exclamava, muito excitada:</p> <p style="text-align: justify;">— Very well! Very well!</p> <p style="text-align: justify;">Sou um homem de natural tímido, e ainda mais no lidar com mulheres. A efusão com que ela festejava minha vitória me perturbou; tive um susto, senti vergonha e muito orgulho.</p> <p style="text-align: justify;">Retirei-me imensamente satisfeito daquela primeira aula; andei na rua com passo firme e ao ver, na vitrine de uma loja,alguns belos cachimbos ingleses, tive mesmo a tentação de comprar um. Certamente teria entabulado uma longa conversação com o embaixador britânico, se o encontrasse naquele momento. Eu tiraria o cachimbo da boca e lhe diria:</p> <p style="text-align: justify;">— It’s not an ash-tray!</p> <p style="text-align: justify;">E ele na certa ficaria muito satisfeito por ver que eu sabia falar inglês, pois deve ser sempre agradável a um embaixador ver que sua língua natal começa a ser versada pelas pessoas de boa-fé do país junto a cujo governo é acreditado.</p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: right;"><span style="font-weight: bold;">Rubem Braga</span><br /></p><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div></div>Literamahttp://www.blogger.com/profile/05098380804049921627noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4460736601241191492.post-91486231804150898232009-11-22T21:03:00.000-08:002009-11-22T21:05:22.665-08:00I Love...<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgr-Ahd6YMFfmwEmicESDCUGTlgR8-Qhb6boTEsGy3EVdptNyHbBbUXuTEeeWSp3P_GxCADD1NeQMQuz9zVe6wrcytnrCz9irNCWiNVHun5I3mQIfWbrX4Mei-TJBiQu1-tTuK_Pp-KEL8/s1600/love+rock.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 250px; height: 210px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgr-Ahd6YMFfmwEmicESDCUGTlgR8-Qhb6boTEsGy3EVdptNyHbBbUXuTEeeWSp3P_GxCADD1NeQMQuz9zVe6wrcytnrCz9irNCWiNVHun5I3mQIfWbrX4Mei-TJBiQu1-tTuK_Pp-KEL8/s400/love+rock.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5407160720969784034" border="0" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2LIsRa4FYUFMiZxOnk3LB_luB7PdMiuzDqDIVMZEOykazbJCScslftZ8QXZ8wjK_gtqpVKPOw8V0q4diU7g7kcRU9vTW_uO1yQ37ZMJ1sy9qHz-5V9smYtWYE27KF0DYPoAEJSOlh3Zg/s1600/love+bossa+nova.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 250px; height: 100px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2LIsRa4FYUFMiZxOnk3LB_luB7PdMiuzDqDIVMZEOykazbJCScslftZ8QXZ8wjK_gtqpVKPOw8V0q4diU7g7kcRU9vTW_uO1yQ37ZMJ1sy9qHz-5V9smYtWYE27KF0DYPoAEJSOlh3Zg/s400/love+bossa+nova.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5407160638203293714" border="0" /></a><br /><br /><div style="text-align: center;"><br /></div>Literamahttp://www.blogger.com/profile/05098380804049921627noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4460736601241191492.post-53249379295040365512009-11-19T00:22:00.000-08:002009-11-19T00:30:26.936-08:00A palavra<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkLiq-8987vzd3f3cDOUfD333Bl9ghHlCMManUtOQu5nPMWAKOZWL1MhIzZUR8BI91V5VqMLqndGqcOJ1eDFXLplVsHUu1OMhdPErS8pRSuGxabaRNkAovssRg5WYXKjU8ksmnpxC8odA/s1600/drummond_poema.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 331px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkLiq-8987vzd3f3cDOUfD333Bl9ghHlCMManUtOQu5nPMWAKOZWL1MhIzZUR8BI91V5VqMLqndGqcOJ1eDFXLplVsHUu1OMhdPErS8pRSuGxabaRNkAovssRg5WYXKjU8ksmnpxC8odA/s400/drummond_poema.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5405729186023563410" border="0" /></a>Literamahttp://www.blogger.com/profile/05098380804049921627noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4460736601241191492.post-65235449976346485932009-11-10T15:50:00.000-08:002009-11-10T15:59:02.486-08:00A Inspiração de Clarice Lispector<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjl2OiBGxvFawkRWHtb_YADPVXGueiqFUfSzfGiqxX03jc0pwOPwAznuix14YLQ23g7gk6-trWJSjAVB1uJrthB3hG4glvAwuhRnkfls3rSJCVegUDfFSpuNgMDhd3Znq-vjA0i9zdvSvQ/s1600-h/clarice-lispector-li-147-g.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 271px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjl2OiBGxvFawkRWHtb_YADPVXGueiqFUfSzfGiqxX03jc0pwOPwAznuix14YLQ23g7gk6-trWJSjAVB1uJrthB3hG4glvAwuhRnkfls3rSJCVegUDfFSpuNgMDhd3Znq-vjA0i9zdvSvQ/s400/clarice-lispector-li-147-g.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5402627352810429490" border="0" /></a><br /><br /><span lang="PT-BR" style="font-family:verdana;"><p align="justify">A paixão alimenta a literatura ou a enfraquece? Amar leva a escrever ou a calar? <i>Clarice - A Vida de Clarice Lispector</i>, biografia do jornalista norte-americano Benjamin Moser - que chega neste mês ao Brasil com o status de ser a mais completa sobre a autora de <i>Laços de Família</i> e <i>Felicidade Clandestina</i> —, sugere que, mesmo quando o amor é impossível, ele estimula a escrita. Mesmo fracassado, um amor pode ajudar a escrever.</p> <p align="justify">Casada entre 1943 e 1959 com o diplomata Maury Gurgel Valente, Clarice nunca escondeu que se sentia sufocada pela vida conjugal. "Nada tenho feito, nem lido, nem nada. Sou inteiramente Clarice Gurgel Valente", escreveu em uma carta datada de 1944. Se o casamento com Maury "deu certo" - gerou dois filhos e perdurou por 16 anos - a paixão pelo romancista mineiro Lúcio Cardoso foi muito mais importante para sua escrita, mesmo "dando errado".</p> <p align="justify">Quando se conheceram, em 1940, Clarice tinha 20 anos, e Lúcio - brilhante e sedutor -, 28. Mas era um amor impossível: Lúcio era um homossexual assumido. Havia, porém, lembra Moser, um segundo impedimento: os dois eram "parecidos demais". Mesmo assim, especula Moser, foi esse amor não correspondido que levou Clarice a cultivar a solidão - condição essencial para a escrita. Mais que isso: foi o fracasso no amor que a empurrou para a literatura. Por meio de Lúcio, ela passou a frequentar as rodas literárias do "grupo introspectivo", que se reunia no Bar Recreio, no Rio de Janeiro. Chegou, assim, à poesia metafísica de Augusto Frederico Schmidt e encontrou sua ascendência "mística" em Cornélio Penna e Octavio de Faria, essenciais para a sua obra. Foi Lúcio Cardoso quem sugeriu o título de seu primeiro romance, <i>Perto do Coração Selvagem</i> (1943). Foi ele, ainda, quem lhe mostrou que as anotações dispersas, que ela tomava às tontas e pareciam incoerentes, eram, na verdade, o seu método.</p> <p align="justify">Nos anos 60, Clarice Lispector se aproximou de outro escritor: o cronista e poeta mineiro Paulo Mendes Campos. Desde 1959 estava separada de Maury, com quem tinha morado na Itália, Suíça e Estados Unidos. Em junho daquele ano, regressou com os dois filhos ao Brasil, apostando novamente na solidão. Em 1962, porém, envolveu-se com Paulo.</p> <p align="justify">Diz Moser, com astúcia, que ele foi uma "versão heterossexual" de Lúcio Cardoso. Ambos eram mineiros, católicos, talentosos e sedutores. Eram também perdulários, boêmios e alcoólatras. Como Lúcio, Paulo exerceu uma forte influência intelectual sobre Clarice. Mas era outro amor impossível: ele era casado. Mesmo assim os dois viveram uma paixão secreta. Vínculos invisíveis os ligavam. O jornalista Ivan Lessa assim resumiu: "Em matéria de neurose, nasceram um para o outro". Clarice tentava ser discreta, mas não continha a ansiedade. Intimado pela mulher, Paulo partiu com a família para Londres. Moser avalia que o fim do romance isolou Clarice do meio literário e, de um modo mais geral, do "mundo adulto", com o qual ela teve sempre laços muito frágeis. Ela o amou até o fim de seus dias.</p> <p align="left"><strong>TENSÃO E LOUCURA</strong></p> <p align="justify">É sempre ambígua e tensa a relação amorosa entre escritores. Influenciada pela filosofia de Jean-Paul Sartre, com quem viveu uma relação heterodoxa, Simone de Beauvoir acreditava que todo amor é impossível, mas que era possível fazer muito de seus destroços. Só porque via o amor como uma experiência desastrosa, Simone conseguiu amar Sartre: não moravam juntos, não tiveram filhos e namoravam outras pessoas. Ele mais que ela. "Não somos a mesma pessoa, mas temos as mesmas recordações", Simone argumentava. Tinha certeza de que, escrevendo, ajudava Sartre a entender quem ele era. </p> <p align="justify">Às vezes, como mostra a relação dos poetas Paul Verlaine e Arthur Rimbaud, a mistura de literatura e paixão resvala na loucura. Quando se aproximaram, Verlaine, um homem casado, tinha 26 anos, e Rimbaud era um rapazote de 17. Correspondiam-se. Apaixonaram-se. Verlaine se embriagou com as ideias de Rimbaud, que combatia os parnasianos, a família e a pátria. Na busca do "desregramento dos sentidos", abusaram do absinto e do haxixe. Mas brigavam sempre. Verlaine se arrependia sempre. "Volte, volte, amigo. Juro que serei bom", escreveu em carta de 1873. Numa dessas brigas, Verlaine feriu Rimbaud com um tiro no punho. Passou dois anos na prisão. A paixão os destruiu, mas ampliou os limites de sua poesia.</p> <p align="justify">A mistura de amor e literatura tomou uma forma quase perfeita na figura da escritora Lou Andreas-Salomé. Brilhante e sensual, ela "devorou" o espírito de três grandes homens: o poeta Rainer Maria Rilke, o filósofo Friedrich Nietzsche e o fundador da psicanálise, Sigmund Freud. Foram amores distintos - que ela, friamente, chamava de "experiências". Com Rilke, ela viveu uma paixão intensa que esbarrou na fraqueza do poeta. Aos poucos, Lou entendeu que a poesia era, para ele, o avesso do desespero. Ficou com o melhor - o poeta - e se afastou do homem. Pragmática, escreveu: "Se você quer uma vida, aprenda a roubá-la".</p> <p align="justify">Mesmo quando bordeja o desespero, a paixão sustenta a literatura. Casada em 1912 com o escritor Leopold Woolf, nem o amor salvou Virginia Woolf. Na base da paixão de Leopold por Virginia estava não só o fascínio por sua escrita, mas o desejo de salvá-la da loucura - que enfim, no ano de 1941, levou-a a afogar-se no rio Ouse. A admiração literária e o amor não garantiram a felicidade. Mas a fizeram escrever.</p> <p align="justify">Também é impossível não pensar no poeta britânico Ted Hughes, cujo amor foi insuficiente para salvar a mulher, a norte-americana Sylvia Plath, do suicídio - que ela enfim cometeu em 1963. Um ano antes, cansado, Hughes a deixou. Tantas e tantas vezes a paixão não basta. Mas a importância de Hughes na poesia de Sylvia é indiscutível.</p> <p align="justify">Mesmo quando se torna asfixiante, a paixão não anula a escrita. O caso entre os americanos F. Scott Fitzgerald e Zelda Sayre é uma prova disso. Em carta de 1920, Zelda escreve ao amado: "Eu jamais poderia passar sem você - ainda que me deixasse morrer de fome e me espancasse". A presença esmagadora de Scott não a impediu de escrever um belo romance como <i>Esta Valsa É Minha</i>, de fundo autobiográfico. Já em sua vida pessoal, o amor não lhe bastou. Em 1930, demonstrando a insuficiência da paixão para sustentar uma vida, Zelda foi internada como louca.</p> <p align="justify">Nem todos, como o argentino Adolfo Bioy Casares, tiveram a sorte de transformar a parceria amorosa - no caso, o casamento com a escritora Silvina Ocampo - em fecunda parceira literária. Juntos, escreveram <i>Quem Ama, Odeia</i>, novela simples, mas inspirada, que resume um pouco não só os paradoxos da paixão, mas as relações tensas, porém produtivas, entre amor e literatura.</p> <p align="justify">Adolfo e Silvina são, provavelmente, uma exceção. Mesmo quando fracassa, porém, um amor pode salvar um escritor.<br /></p><p align="justify"><br /></p> <span lang="PT-BR"> <p align="justify">Fonte: Texto extraído da Revista Bravo! - Novembro/09</p></span></span>Literamahttp://www.blogger.com/profile/05098380804049921627noreply@blogger.com1